A investigação que apura suposto esquema de adulteração em cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da filha mais nova dele indica que mensagens trocadas por aliados de Bolsonaro, presos nesta quarta-feira, 3/5, sugerem o esquema ilegal.
A Band Brasília apurou que mensagens foram encontradas no celular do coronel Mauro Cid, um dos presos na operação de hoje e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Nas conversas, eles detalhavam o esquema para adulterar os cartões de vacinação.
“Eu não tomei a vacina. Nunca me foi pedido nenhum cartão de vacina. Não existe adulteração da minha parte. Não existe. Eu não tomei a vacina e ponto final. Nunca neguei isso”, declarou Bolsonaro.
Após a deflagração da operação, Bolsonaro falou a jornalistas que não se vacinou contra a covid-19, assim como a filha mais nova. Na mesma entrevista, ele negou que tenha adulterado o cartão de vacinação para entrar nos Estados Unidos.
Presos
Os agentes da PF cumprem 16 mandados de busca e apreensão e outros seis de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro. Os celulares de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle foram apreendidos. Abaixo, veja os detido até o momento:
- Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- João Carlos de Sousa Brecha, secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ);
- Max Guilherme Machado de Moura, policial militar que atuou na segurança presidencial;
- Sergio Rocha Cordeiro, militar do Exército que atuou na segurança presidencial.
Fraudes no sistema do Ministério da Saúde
As investigações apontam que as inserções falsas dos dados sobre vacinação no sistema do Ministério da Saúde, entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência “a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários”.
Além disso, pessoas puderam emitir os certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias impostas pelos poderes públicos do Brasil e dos Estados Unidos. As medidas foram adotadas pelos dois países na tentativa de impedir a disseminação e propagação do coronavírus, causador da covid-19.
Possíveis crimes
Os fatos são investigados dentro do inquérito que apura a atuação das “milícias digitais”, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a PF, os suspeitos podem responder pelos seguintes crimes:
- infração de medida sanitária preventiva;
- associação criminosa;
- inserção de dados falsos em sistemas de informação; e
- corrupção de menores.