País – A Polícia Federal confirmou três reuniões no Palácio do Alvorada, entre novembro e dezembro de 2022, em que a pauta teria sido o planejamento de um golpe de estado para manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder.
A Polícia Federal usou uma combinação de fatores para confirmar a presença de investigados em reuniões no Palácio da Alvorada. Agentes checaram o controle de acesso ao palácio, que identifica entrada e saída de visitantes, e os sinais dos celulares que ficam registrados nas estações rádio base das companhias telefônicas.
Essas informações foram cruzadas com o material encontrado no aparelho do tenente-coronel Mauro Cid, e com o próprio relato do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, no acordo de delação premiada. Foram três reuniões identificadas, depois da derrota de Bolsonaro nas urnas.
Segundo a Polícia Federal, no dia 19 de novembro, quando o ex-assessor especial Filipe Martins teria entregue ao presidente uma minuta com um plano de golpe de estado.
Em 7 de dezembro, o texto teria sido apresentado por Bolsonaro aos comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Marinha, Garnier Santos, além do ministro da defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
Dois dias depois, o então presidente teria recebido o general Theophilo Gaspar de Oliveira, que segundo a investigação, deu apoio ao plano. A presença dele foi confirmada pelo GSI.
Nesta quarta-feira (14), a defesa do ex-presidente entrou com um pedido no Supremo para que o passaporte dele seja devolvido. Os advogados argumentam que não existe risco de fuga e que Bolsonaro vai avisar o STF se tiver que sair do país. Ele convocou uma manifestação em São Paulo, no fim deste mês, para se defender das suspeitas de ter planejado um golpe.
Entre aliados do ex-presidente, cresce a pressão para que o governador paulista, Tarcísio de Freitas, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, participem do ato. Os dois são aliados de Bolsonaro.
Uma decisão polêmica de Alexandre de Moraes, que coordena as investigações, foi questionada pelo jurista Antônio Cláudio Mariz de oliveira. O ministro do STF proibiu o contato entre os advogados dos investigados.
Mariz de Oliveira disse que essa restrição é “uma afronta aos advogados” e que “nem na época da ditadura militar isso ocorreu”.
Na semana passada, a OAB entrou com um pedido no STF para que essa determinação seja revista.