Um relatório técnico do Ministério Público do Rio de Janeiro aponta indícios de lesões atípicas, fora do contexto esperado para um confronto, em pelo menos dois dos 121 corpos das vítimas da megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, no fim de outubro.
De acordo com o documento, obtido pela BandNews FM, dois casos destoaram dos demais: em um deles, o corpo apresentava marcas compatíveis com disparo de arma de fogo à curta distância. No outro, havia ferimento causado por projétil de arma de fogo à distância, mas também sinais de decapitação.

O relatório foi elaborado pela Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/CI2) do MPRJ, com base em exames de necropsia acompanhados por técnicos do órgão no Instituto Médico Legal entre os dias 28 e 30 de outubro.
Segundo as observações preliminares citadas no documento, todos os 121 mortos eram homens, com idade média entre 20 e 30 anos, e apresentavam ferimentos compatíveis com projéteis de fuzil. Muitos usavam uniformes camuflados, botas operacionais, coletes com porta-carregadores e luvas típicas de atiradores. A maioria tinha tatuagens, algumas associadas a facções criminosas e à hostilidade contra policiais.
Ainda de acordo com o relatório, foram encontradas munições, porções de erva prensada e celulares nos bolsos de algumas vestimentas.
O MP recomendou uma análise minuciosa das imagens das câmeras corporais usadas pelos agentes durante a operação e do escaneamento do ambiente onde houve o confronto, com o objetivo de complementar a análise pericial e compreender a dinâmica dos fatos.
A equipe técnica do órgão ainda aguarda os laudos periciais completos e o resultado da identificação dos corpos para cruzar as informações com os registros de cada vítima.







