As negociações sobre adaptação climática continuam nesta quinta-feira (13) na COP30, em Belém, depois que países africanos travaram o avanço de um texto que definiria a chamada Meta Global de Adaptação(GGA) – uma das principais prioridades da presidência brasileira da conferência.

O impasse surgiu nas discussões técnicas, quando o Grupo Africano, que reúne 54 países, pediu mais tempo para revisar o documento e sugeriu estender os trabalhos por até dois anos, o que empurraria a decisão final para 2027 – quando a COP será sediada na Etiópia.
A proposta gerou preocupação entre negociadores e observadores internacionais, que veem risco de atraso em um dos pilares centrais da Conferência.
Brasil quer concluir negociações nesta COP
O governo brasileiro tenta evitar o adiamento. Diplomatas afirmam que a presidência brasileira da COP30 está empenhada em concluir as discussões ainda nesta conferência.
Para o Brasil, destravar a meta de adaptação é essencial para consolidar um dos principais resultados políticos e técnicos da COP30. O tema é considerado estratégico para o país, que quer que Belém seja lembrada como o ponto de virada das negociações globais sobre adaptação.
O que está em jogo
A Meta Global de Adaptação busca criar cerca de 100 indicadores que permitam medir o progresso dos países em políticas de adaptação e resiliência frente aos impactos das mudanças climáticas.
Entre os pontos em discussão estão:
- se os indicadores estão prontos para aprovação ou precisam de ajustes técnicos;
- quem será responsável por financiar e monitorar as metas; e
- como garantir que os resultados sejam comparáveis entre países com diferentes níveis de desenvolvimento.
Segundo diplomatas, o Grupo Africano argumenta que o texto atual não contempla as vulnerabilidades específicas do continente, um dos mais afetados por eventos extremos, mas que recebe pouca parcela do financiamento climático internacional.
Risco de atraso preocupa observadores
Delegações da América Latina, da Europa e da Ásia manifestaram preocupação com a possibilidade de adiamento. Para negociadores, deixar a decisão para 2027 enviaria um sinal negativo sobre o compromisso global com a adaptação, especialmente diante do aumento de eventos extremos, como secas e enchentes.
Organizações ambientais também pressionam por um acordo rápido. “A falta de consenso atrasa políticas que podem salvar vidas. A adaptação precisa de prioridade e recursos”, afirmou uma representante da Climate Action Network, rede internacional de ONGs.
Desafio para o Brasil
Como país-sede e presidente da conferência, o Brasil tenta costurar um consenso entre os grupos regionais e evitar que o impasse desgaste sua liderança política na COP30.
Caso as negociações não avancem, o governo corre o risco de ver frustrada uma das pautas que mais promoveu desde o início do evento e de perder a oportunidade de marcar a conferência com um resultado concreto.
Próximos passos
As delegações voltam a se reunir nesta quinta-feira para tentar superar o impasse e fechar um texto de consenso. A presidência da COP deve conduzir novas rodadas de conversas bilaterais e reuniões por blocos de países.
Enquanto isso, movimentos indígenas, cientistas e organizações da sociedade civil acompanham de perto as negociações. Para eles, destravar a agenda de adaptação significa garantir proteção às populações mais vulneráveis e ampliar o acesso a recursos internacionais para enfrentar os efeitos da crise climática.







