O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo nessa quarta-feira (19/4).
É o primeiro chefe de pasta que deixa a posição no terceiro mandato do governo Lula (PT). O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, assumirá o cargo interinamente.
O pedido ocorre após divulgação de imagens de câmeras de segurança, em que Gonçalves Dias aparece no Palácio do Planalto durante invasões golpistas de 8 de janeiro. O vídeo estava em sob sigilo, por fazer parte de inquérito policial.
O general pediu para deixar o cargo após reunião com o presidente e outros ministros. Segundo integrantes do governo, a permanência ficou insustentável após divulgação das imagens. Saiba mais no vídeo acima. A avaliação interna do Palácio do Planalto é que o vídeo mostra o descontrole do agora ex-ministro diante da situação.
Membros do governo federal também apontam que Gonçalves Dias demorou para substituir agentes que estavam em cargos estratégicos no GSI e vinham da gestão anterior, de Jair Bolsonaro (PL). A cúpula da Polícia Federal também pressionava por substituições no gabinete desde os atos de 8 de janeiro.
O GSI informou nesta quarta que abriu investigação para apurar se houve colaboração de funcionários aos invasores de 8 de janeiro. "Se condutas irregulares forem comprovadas, os respectivos autores serão responsabilizados”, informa a nota.
Gonçalves Dias assumiu o cargo de chefe do GSI no primeiro dia de governo Lula, substituindo o general Augusto Heleno. Além de zelar pela segurança pessoal do presidente, o ministro-chefe do gabinete assessora o presidente em assuntos militares e de segurança.
Imagens dos atos de 8 de janeiro
Nas imagens divulgadas na quarta-feira, Gonçalves Dias aparece perto do gabinete do presidente Lula, localizado no terceiro piso do palácio. Ele tenta abrir uma porta e depois entra no escritório presidencial.
Mais tarde, o ministro caminha no corredor com alguns invasores. As imagens sugerem que ele indica a saída de emergência ao grupo.
Em nota a respeito da divulgação das imagens, o GSI indicou que as imagens mostram a atuação dos agentes para concentrar os manifestantes no segundo andar, para aguardar o reforço da Polícia Militar do Distrito Federal e realizar a prisão do grupo.
O órgão informou que investiga a possível colaboração da pasta com os invasores e que, diante da comprovação de conduta inadequada, os autores serão responsabilizados. A pasta não cita o nome de Gonçalves Dias.
Carreira de Gonçalves Dias
Nascido em 1950 em Americana, no interior de São Paulo, Marco Edson Gonçalves Dias entrou no Exército em 1969 e se formou na Academia Militar das Agulhas Negras seis anos depois.
Durante os dois primeiros mandatos de Lula, entre 2003 e 2009, Gonçalves Dias atuou na segurança pessoal do presidente.
Depois mais de trinta anos de atuação nas Forças Armadas, foi enviado para a reserva. Em 2012, Gonçalves Dias foi filmado recebendo um bolo de aniversário de militares grevistas, quando chefiava a 6ª Região Militar, localizada em Salvador (BA).
A greve de militares é proibida pela Constituição. Depois do episódio, o general foi afastado do comando da região e enviado à reserva. Após, Gonçalves Dias foi chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional no governo Dilma Rousseff.
O general voltou a colaborar na segurança de Lula em 2022, durante campanha para Presidência da República. Ainda durante o governo de transição, foi anunciado como ministro do GSI.