Brasília (DF) – A reportagem do Jornal da Band teve acesso com exclusividade a documentos que revelam que a fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode ter começado há quase 20 anos.
A Controladoria-Geral da União (CGU) tem levantamentos desde 2016, mas um laudo pericial da Polícia Civil de Pernambuco aponta uma fraude de 2006.
João Antonio da Silva não sabe escrever e, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), teria se associado usando a impressão digital no termo de adesão.
Porém, uma perícia foi feita em 2020 e concluiu que a digital dele não batia com a encontrada no documento. A reportagem entrou em contato com a Contag, que não respondeu.
Além disso, outro documento obtido pela Band é de 2 de outubro de 2023 e foi enviado para o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
Nele, a Contag diz que “o INSS não vinha disponibilizando meios adequados para o desbloqueio de descontos automáticos nas plataformas digitais” e pediu a liberação do que a confederação descreveu como “autorizações de descontos represadas”. Mais de 32 mil de uma vez só.
A Contag ainda cobra o INSS dizendo que “fica na expectativa de que o serviço de desbloqueio esteja, em breve, funcionando de forma regular”.
Segundo investigadores, esse documento foi um possível jogo de cena para passar um ar de legalidade ao esquema fraudulento. Fontes ligadas à Polícia Federal dizem que, depois do pedido, as mais de 30 mil autorizações de descontos foram liberadas pelo INSS.
Só no ano de 2023, a Contag descontou de aposentadorias e pensões mais de R$ 420 milhões. A associação ocupa uma cadeira no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável do governo, o “Conselhão”.
Planalto discute ressarcimento às vítimas
Em uma reunião no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que os ministros da área econômica achem um espaço no Orçamento para pagar as vítimas sem esperar pelo reembolso das associações. A avaliação é que o governo já se desgastou muito.
No Congresso, a expectativa é pela instalação da CPMI em uma sessão conjunta em 27 de maio. Por mais que o governo queira adiar, a abertura da investigação é dada como certa e os partidos da base e da oposição já começaram a definir os indicados para os trabalhos.
*Reportagem de Túlio Amâncio
*Com informações do Site Band.com