O governo trata como retaliação da Polícia Federal o vazamento de áudios que podem envolver o presidente Jair Bolsonaro em uma tentativa de interferência nas investigações sobre desvios de verbas no Ministério da Educação.
Segundo a agenda oficial, Bolsonaro estava em Los Angeles com o ministro da Justiça Anderson Torres no dia 9 de junho. Foi nessa data que o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse à filha ter recebido um telefonema do presidente. A PF está sob o comando de Anderson Torres.
Milton Ribeiro chegou a ser preso pela polícia na investigação de um suposto esquema de corrupção no MEC. A suspeita é de que ele atuou para favorecer um grupo de pastores que recebiam propina em troca de ajuda na liberação de verbas para a educação.
O Ministério Público viu “indício de vazamento da operação da PF e possível interferência ilícita de Bolsonaro”.
No Planalto, ministro da ala política tratam o vazamento dos áudios como uma retaliação de parte da Polícia Federal, que seria alinhada com a oposição e estaria insatisfeita com a falta de aumento salarial. O clima é de preocupação.
Primeiro, porque seriam mais de 1,2 mil gravações captadas e também porque os pastores próximos do ex-ministro já fizeram ameaças.
Em um diálogo com a advogada, Arilton Moura, que foi preso e já está em liberdade, afirma que vai destruir todo mundo se a família for envolvida.
“Doutora, já estou aqui na Polícia Federal com o pessoal. Eu preciso que você ligue para minha esposa, acalme minha esposa, porque se der qualquer problema com minha menininha eu vou destruir todo mundo”, disse Arilton.
O advogado do presidente Jair Bolsonaro afirmou que jamais houve interferência na Polícia Federal.
“O Presidente da República, seus filhos, e todo seu entorno vem sendo perseguido de forma reiterada, com uso indevido da máquina pública para tentar incriminá-lo”, afirmou.
Bolsonaro não falou sobre as acusações envolvendo o ex-ministro da educação no primeiro evento público de que participou desde a prisão dos envolvidos. Ele esteve em Santa Catarina para a Marcha para Jesus.
O inquérito está nas mãos da ministra Cármen Lúcia, do Supremo. O procurador-geral da República, Augusto Aras, terá que decidir se pede a abertura do processo contra Bolsonaro, se recomenda o arquivamento ou se cobra mais investigações.