Qual a distância para a realização de um sonho? Para o lutador Ronaldo Tikuna, de 27 anos, nem mesmo os 900 quilômetros de distância entre Amaturá e Manaus desmotivam o atleta.
Ronaldo é da etnia Tikuna e se mudou para a capital em busca de melhores condições de treino e uma oportunidade para profissionalização. Segundo o lutador, quem deu o primeiro estímulo para sua entrada nos tatames foi a esposa, Cláudia.
"Ela chegou para mim e falou: por que você não vai para academia do meu amigo, fazer um treino, tirar esse estresse? Só que eu disse que não em um primeiro momento e nunca passou pela minha cabeça que eu iria gostar. Fiz um treino e eu perdi a noção das horas. Quando vi, já tava fazendo a primeira luta e não parei mais", disse.
Para Cláudia, além do incentivo ao companheiro, a presença de atletas indígenas permite a quebra de tabus e preconceitos. "Essa era uma forma da gente ter a oportunidade de provar, não só pra gente, mas para todas as pessoas que duvidam da capacidade do povo indígena".
Próximas etapas
Um dos próximos convites é uma luta em São Paulo por uma competição tradicional. Orgulhoso, ele disse que demorou para compreender a importância do convite para o evento: "Fiquei assustado quando chegou esse convite dizendo que eu iria lutar no Jungle Fight. Eu nem sabia o que era isso e só fui saber mesmo quando meu mestre falou que era um evento grande.
Segundo o treinador do Ronaldo, o professor Sinho Oliveira, o treino não é a garantia de uma vitória, mas parte de um processo que pode levar o aluno ao sucesso, e pontuou: "sei que ele vai fazer um ótimo trabalho em São Paulo".
Autointitulado de "Predador", ele começou a receber convites para lutar e afirma: "Eu vim para cá para fazer a minha história! Não só a minha como a de outras etnias", completou.
*Colaborou Luiz Henrique Almeida, da TV Band Amazonas