Manaus (AM) – Na madrugada desta segunda-feira (12), morreu o escritor e dramaturgo Márcio Souza, autor das obras, dentre outras, de Mad Maria, A caligrafia de Deus, Galvez, o imperador do Acre e A paixão de Ajuricaba.
De acordo com a família e produção do autor, Márcio passou mal na noite de domingo e foi para um SPA na capital amazonense. Teve crise de diabete e, antes de partir, teve uma parada respiratória. Informações sobre velório e enterro serão repassadas logo mais.
Foi romancista, dramaturgo, ensaísta, contista e diretor de cinema, cuja obra é permeada pela busca constante em desvendar a Amazônia, com a riqueza cultural e histórica ignorada pelos brasileiros.
A editora Valer lamenta a morte do escritor, que foi acima de tudo um dos grandes intelectuais da nossa Amazônia. Traduzido para diversas línguas. Uma das mais importantes vozes da moderna literatura brasileira.
“Para nós, da editora Valer, essa é uma notícia que nos pegou desprevenidos, porque sempre esperávamos mais obras de Márcio e, também, de desfrutar da sua companhia, dado que ele era um dos maiores conhecedores das Amazônias e um dos nossos maiores intelectuais, um grande conhecedor da literatura, do teatro e do cinema. Nós lamentamos profundamente a morte de Márcio Souza”, disse Neiza Teixeira, coordenadora editorial da Valer.
O processo de colonização do Norte do país, a exploração do látex na passagem do século XIX para o XX, durante o chamado ciclo da borracha, a questão indígena e os abismos sociais nascidos do embate entre modernidade e arcaísmo na região são a matéria-prima de suas narrativas.
“Nos grandes embates sobre a defesa das Amazônias, da sua literatura, dos seus autores, dos povos originários e das minorias, Márcio sempre emprestou a sua voz. No período da ditadura militar, ele não se calou, defendeu a liberdade e a vida de todos os brasileiros”, disse Neiza.
O romancista é dono de uma obra variada, que transita por diferentes gêneros e linguagens artísticas, tendo no romance, no teatro e no ensaio seus principais veículos de expressão. Ainda que diversificada, sua produção é atravessada pelo tema constante da história da região amazônica.
A partir da perspectiva de Márcio, o Brasil e o mundo puderam conhecer melhor o que se passava na Amazônia e descobriram a riqueza de sua história e de seu povo.
Sobre Márcio Souza
Márcio Souza nasceu em Manaus (AM) em 1946. É romancista, diretor de teatro e ópera. Estudou Ciências Sociais na Universidade de São Paulo e escreveu críticas de cinema e artigos em diversos jornais e revistas brasileiras, como Senhor, Status, Folha de S. Paulo e A Crítica.
Em 1976, lançou seu primeiro romance, Galvez: imperador do Acre, sucesso de crítica e de vendas.
Como administrador, foi diretor de planejamento da Fundação Cultural do Amazonas, diretor da Biblioteca Nacional e presidente da Funarte.
Foi professor assistente na Universidade de Berkeley e escritor residente nas universidades de Stanford, Austin e Dartmouth. Como palestrante, foi convidado pela Universidad de San Marcos, Sorbonne, Toulouse, Aix-en-Provence, Heidelberg, Coimbra, Universidade Livre de Berlim, Harvard e Santiago de Compostela.
Dirigiu o Teatro Experimental do Sesc (Tesc) do Amazonas, hoje extinto. Foi presidente do Conselho Municipal de Política Cultural. É membro da Academia Amazonense de Letras.
Escreveu, dentre outras, as peças: As folias do látex, A paixão de Ajuricaba e Carnaval Rabelais, e os romances Mad Maria, Operação silêncio e O fim do Terceiro Mundo.