Manaus (AM) – Com a proximidade do fim de 2025, muitos brasileiros entram em um período de balanço pessoal, confrontando planos que ficaram pelo caminho e metas que não foram concretizadas. Esse fenômeno, que ocorre anualmente, não surge de forma isolada, mas intensifica emoções que já estavam presentes ao longo dos meses.
Em Manaus, a população se divide entre a nostalgia do que passou e a esperança pelo que virá em 2026, buscando equilibrar a saúde emocional diante das pressões sociais e familiares típicas das festas de Natal e Ano Novo.
O peso do encerramento de ciclos e as reuniões familiares
O fechamento de um ano costuma ser acompanhado por uma carga emocional significativa. Segundo a psicóloga Shyrllene Soares, em depoimento à TV Band Amazonas nesta última quinta-feira (18), as pessoas tendem a focar intensamente no que foi ou não concluído, além de projetarem o que será encerrado apenas no futuro.

“As pessoas começam a falar muito daquilo que foi concluído ao longo do ano, daquilo que vai ser fechado no próximo ano e tem também aquela sensação de ter que encontrar com a família”, explica a especialista. Esse momento de convivência forçada ou planejada levanta questões sobre quem estará presente na ceia, gerando o que a psicóloga define como um “misto emocional” complexo.
O filtro das redes sociais e a armadilha da comparação
Além das cobranças internas, o cenário digital desempenha um papel crucial no aumento da ansiedade de fim de ano. As redes sociais costumam exibir apenas “recortes” de felicidade e conquistas, criando uma ilusão de perfeição que raramente condiz com a realidade.
Shyrllene Soares alerta para o perigo de observar a vida alheia sem conhecer os “bastidores”. “A gente tem a tendência de olhar para a vida do outro e falar assim: ‘nossa, a vida dele está perfeita'”, pontua a psicóloga, lembrando que o que é postado é apenas uma fração selecionada da rotina de cada um.
Expectativas reais: o que os manauaras esperam de 2026
Apesar das pressões, o desejo de recomeçar permanece como uma força motriz. Nas ruas de Manaus, os planos para 2026 revelam uma busca por simplicidade, saúde e bem-estar familiar.
Para o merendeiro Hélio Gadelha, o próximo ano é uma oportunidade para aproveitar a vida com leveza.

“Ser feliz, levar a vida, trabalhando, com a família, curtir um pouquinho, que eu já estou idoso, ter que dar uma viajada”, compartilha.
Já a dona de casa Lurdes Alves foca suas expectativas no desenvolvimento do filho e no bem-estar coletivo.

“Continuar trabalhando, criando meu filho, que o meu filho desenvolva porque ele é autista, dentro do esperado, e isso, saúde para todo mundo”, afirma.
Uma nova perspectiva interna
A chave para um novo ano bem-sucedido pode não estar em mudanças externas, mas na forma como cada indivíduo lida com suas próprias experiências. A psicanalista Jocilene Passos ressalta que 2025 pode ter deixado “cicatrizes”, mas que o amadurecimento reside na restauração desses traumas.

A especialista sugere que 2026 será melhor não necessariamente por ser um ano diferente em sua essência, mas se a postura diante dele for nova. “O que a gente espera para 2026 é que essas cicatrizes, essas marcas, elas sejam restauradas (…) e que esse ano seja muito melhor porque eu estou entrando diferente nele”, conclui.
O convite para a virada de ciclo é, portanto, de autocuidado e gentileza consigo mesmo, priorizando a harmonia e a paz em vez de cobranças excessivas por produtividade ou perfeição.
Confira a reportagem na íntegra
*Com colaboração de Raquel Gadelha







