País – Uma varredura determinada pelo presidente do Corinthians, Augusto Melo, encontrou uma série de equipamentos de espionagem na sala do mandatário. Câmeras e microfones escondidos foram identificados no local onde o cartola passou a trabalhar em 2 de janeiro – quando tomou posse como novo presidente do alvinegro – e na sala de reuniões com diretores e conselheiros.
De acordo com informações do site A Folha de São Paulo, os itens espiões estavam escondidos atrás de um quadro próximo da mesa de Augusto Melo, outro em um interruptor de tomada e, o terceiro, embaixo da mesa da secretaria da presidência do clube.
Porém, não foi informado, se os equipamentos encontrados realizam alguma transmissão em tempo real das informações colhidas ou se havia alguma receptação por um site ou banco de dados, que pudesse ser acessado de maneira remota em outro momento.
À reportagem, a assessoria de imprensa do alvinegro confirmou a existência e retirada das câmeras e microfones da sala presidencial e, em manifestação curta, pontuou que "a nova administração do Corinthians lamenta, mas não se surpreende com o ocorrido".
Até a publicação desta reportagem, a equipe de Augusto Melo optou por não realizar um boletim de ocorrência sob a justificativa do cartola temer ser acusado de plantar os equipamentos para 'montar' uma situação.
Histórico de conflitos e desconfianças
Desde que o período de eleições no Corinthians teve início – e Augusto Melo disputou a presidência do clube contra André Luiz Oliveira, candidato da situação -, o então candidato da oposição passou a aparecer em eventos do clube de colete à prova de balas e relatava constantes ameaças.
Boletins de ocorrência foram registrados com relatos às autoridades que Melo e sua família recebiam ligações na madrugada, ameaças de morte e de violência física.
Já Duílio Monteiro Alves, ex-presidente do Corinthians antes de Augusto Melo assumir, também viveu um período turbulento na política do clube. Isso porque o ex-mandatário foi o primeiro presidente desde 2007 – período em que o grupo político Renovação e Transparência passou a comandar o clube – a não eleger um sucessor.
Havia, ainda, um temor de que Duílio pudesse mudar o estatuto do clube para tentar se reeleger – ato que passou a ser proibido na política alvinegra nos últimos anos. As escutas, portanto, poderiam ser de seu próprio grupo político numa tentativa de monitorá-lo a fim de descobrir seus próximos passos no comando do clube de Parque São Jorge.
Violência no clube
Na véspera da eleição do Corinthians, no dia 24 de novembro, a sede do clube – situada no bairro do Tatuapé, em São Paulo – foi alvo de um disparo de arma de fogo. Imagens capturadas pela Polícia Civil mostram um rapaz caminhando próximo da sede social do clube, por volta das 3h30, quando o homem saca uma arma e dispara contra o andar da presidência do clube – que fica no quinto andar.
Fórmula copiada?
Uma reportagem do G1, publicada em fevereiro de 2008, já apontava a existência de câmeras ocultas em salas na sede do Corinthians. Durante a presidência de Alberto Dualib à frente do Timão, sensores em tomadas e equipamentos de espionagem controlavam a movimentação dentro do clube.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, o ex-presidente Dualib e três ex-integrantes da direção do clube formavam uma quadrilha que operava um esquema de vigilância sobre aliados e oposicionistas na sede do clube, no Parque São Jorge.
A denúncia conta que câmeras embutidas em tomadas e em sensores de presença diminuíam as chances do grupo ser descoberto. Entre os locais monitorados estavam o departamento jurídico, a gerência financeira, a sala do vice-presidente administrativo, a recepção e as salas de reuniões. O advogado de Dualib, na ocasião, rechaçou qualquer envolvimento do cartola no esquema.
Manifestação do ex-presidente
Ao Globo Esporte, o ex-presidente Duilio Monteiro Alves negou qualquer tipo de envolvimento com os itens de espionagem que foram encontrados, e foi além, ao dizer ser a verdadeira vítima da situação.
"Ignoro totalmente a existência de qualquer tipo de equipamento instalado e escondido e repudio veementemente qualquer insinuação de vínculo da minha gestão com coisas desse tipo. Se havia algo monitorando ações, o que não acredito, certamente o alvo era eu", disse Duílio.