São Paulo (SP) – Em sua primeira mensagem de Natal como líder da Igreja Católica, o Papa Leão 14 instou, nesta quinta-feira (25/12), que Rússia e Ucrânia encontrem “coragem” para um diálogo direto e respeitoso. Diante de milhares de fiéis na Praça de São Pedro, o pontífice americano consolidou seu estilo diplomático ao abordar os conflitos mais voláteis do planeta.
O ponto mais sensível do discurso foi a comparação entre a narrativa bíblica do nascimento de Jesus e a situação atual no Oriente Médio. O Papa condenou as “feridas abertas” da guerra e chamou a atenção para a precariedade extrema em Gaza, onde um cessar-fogo em vigor desde outubro ainda não foi suficiente para estancar a crise humanitária.
“Como não pensar nas tendas em Gaza, expostas há semanas à chuva, ao vento e ao frio?”, questionou o pontífice.
Leão 14 reafirmou a posição da Santa Sé de que a estabilidade na região depende da criação de um Estado palestino, solução que ele classificou como a única via para o fim de décadas de hostilidades entre Israel e o Hamas.
O fato de o novo Papa ter vivido duas décadas no Peru refletiu-se em seu apelo especial à América Latina. Ele pediu que líderes políticos abandonem “preconceitos ideológicos e partidários” em favor do diálogo comum.
Além das crises em evidência, o Papa listou o que diplomatas chamam de “guerras esquecidas”, citando:
África: Conflitos no Sudão, Mali e República Democrática do Congo.
Ásia e Caribe: O caminho da reconciliação em Mianmar e no Haiti.
Crise Migratória: O drama dos refugiados no Mediterrâneo e nas fronteiras das Américas.
A “insensatez” da linha de frente
Em um raro momento de quebra de sua discrição habitual, Leão 14 dirigiu palavras duras contra a retórica de guerra que consome a juventude global. Criticou os “discursos pomposos” daqueles que enviam jovens para a morte, afirmando que os soldados na linha de frente sentem, na pele, a “insensatez” das ordens que recebem.
A mensagem de 2025 marca o início de um pontificado que, embora menos ruidoso que o de Francisco, demonstra uma determinação cirúrgica em pautar a ética sobre a geopolítica.
*Com informações do Estadão Conteúdo.







