No Amazonas, a fazenda Aruanã, localizada no km 213 da rodovia AM-10, que liga Manaus ao município de Itacoatiara, investe na produção da castanha do Brasil, O fruto também é comercializado, e com a produção em abundância é possível ainda recuperar a floresta.
Durante um painel na Conferência do Clima da ONU, a COP 26, realizada no início deste mês, em Glasgow, na Escócia, o diretor-presidente de Agropecuária da fazenda Aruanã e referência em manejo sustentável, Sérgio Vergueiro afirmou: "Uma árvore é a melhor forma de 'limpar' a floresta através da captação de gás carbônico. Precisamos restaurar as áreas desmatadas e degradadas. Com essas duas ações conjuntas, o Brasil está ajudando a salvar o lixo ecológico da espécie humana na Terra", disse.
A afirmação vai de encontro a uma das principais discussões entre governos, empresários e atores sociais: de que forma é possível garantir emprego e renda a famílias que vivem nessas localidades extraindo de forma responsável os recursos da natureza?
Passo a passo
Essas árvores levam 15 anos para produzirem ouriços, considerados frutos de qualidade. Cada ouriço possui entre 12 a 16 castanhas e sua colheita é feita no primeiro quadrimestre do ano, em uma safra que rende 200 mil ouriços. Considerando uma hipótese simples, se cada ouriço tiver 16 castanhas, nos próximos 15 anos serão adicionadas à natureza 20,8 milhões de unidades de castanha.
Segundo o tecnólogo em Agroecologia da Aruanã, Francisco Bruno, apesar da castanheira ser uma árvore imponente, o processo de plantio da semente requer cuidados: "A base mais larga da semente será a raiz e a ponta será o caule. Após 40 dias em uma espécie de incubadora, as sementes começam a germinar", explica.
Uma outra boa notícia é que o metro cúbico da castanheira é vendido na forma de créditos de reposição florestal, popularmente conhecidos como créditos de carbono.
É o que explica Francisco Higuchi, engenheiro florestal: "A nossa ideia é quantificar o que foi evitado de ser desmatado há 30 anos atrás, a diferença entre o estoque de carbono que deveria ter sido plantado décadas atrás e com o tempo e monitoramento saber se essas florestas daqui a 30 anos recuperam o estoque original ou excedem".
Impacto social
Através do plantio da castanheira é possível reflorestar e recuperar áreas degradadas. Além do benefício econômico, há um caráter social nas ações.
Com apoio do Instituto Excelsa ocorre a comercialização e doação de mudas. O Instituto emprega 41 funcionários e ao todo, 200 comunidades da região participam das etapas do processo. Para a proprietária da fazenda, Ana Luiza, o apoio dos moradores nas ações de plantio e reflorestamento é essencial para a continuidade do projeto: "essa doação é para aquelas pessoas que vivem nessas comunidades, que inclusive estão lá antes mesmo da fundação da Excelsa, mas de forma que eles tenham uma adesão voluntária", explica.
Uma das funcionárias da fazenda, Valcilene de Souza trabalha na propriedade há 13 anos. Ela descreve o processo: "Pego as castanhas para descascar, separo as cascas para depois plantar".
Benefícios para a saúde
Atualmente, o espaço possui cerca de 140 mil mudas que, após o processo de desenvolvimento, se transformarão em 600 mil amêndoas para o consumo humano. A ingestão do fruto dessa árvore é indicada para o controle de doenças como a pressão alta e no fortalecimento do sistema cardiovascular e imunológico.
A reportagem foi exibida na COP 26. Acompanhe: https://www.youtube.com/watch?v=T2bokSeZal8