Manaus (AM) – O confronto de exibição entre o tetracampeão mundial de boxe Acelino “Popó” Freitas e a lenda do MMA Wanderlei “Cachorro Louco” Silva, evento principal do Spaten Fight Night 2, realizado na Arca, em São Paulo (SP), no último sábado (27), terminou com um cenário de pancadaria generalizada envolvendo membros das duas equipes.
A luta foi encerrada no quarto e último round com a vitória de Popó por desclassificação de Wanderlei Silva, que havia desferido golpes ilegais, como chutes e cabeçadas, proibidos nas regras do boxe. A decisão arbitral serviu de estopim para que corners e familiares invadissem o ringue, dando início ao tumulto.
No caos que se seguiu, amplamente registrado em vídeos que circularam nas redes sociais, Wanderlei Silva foi alvo de uma agressão que o levou ao nocaute. O ex-lutador de MMA foi atingido por um soco na nuca/cabeça vindo por trás, caindo inconsciente na lona. O agressor foi identificado pelas transmissões de televisão e veículos de comunicação como Rafael Freitas, filho de Popó.
As consequências físicas do incidente resultaram na hospitalização de ambos os atletas. Popó sofreu uma fratura desviada no osso do metacarpo do polegar da mão direita durante a confusão. Devido à seriedade, o ex-boxeador foi submetido a uma cirurgia de emergência em Salvador (BA) para fixação do osso com placa e parafusos, com previsão de dois meses para retorno a socos profissionais.
Wanderlei Silva foi levado a um hospital na Zona Sul de São Paulo e, segundo seu treinador, Fabrício Werdum, sofreu uma fratura no nariz e um corte profundo no rosto, que necessitou de sutura.
Manifestações e Repercussão
A repercussão digital do evento foi imediata. Dados de análise de sentimento (Claritor) indicaram que o público nas redes sociais concentrou a maior parte da desaprovação em Wanderlei Silva, que acumulou 6.100 menções negativas (mais de quatro vezes as menções negativas de Popó, que foram 1.400). A crítica direcionada a Wanderlei focou na quebra das regras do boxe (chutes e cabeçadas) durante o combate.
Declarações dos Atletas
Acelino “Popó” Freitas se manifestou nas redes sociais para pedir desculpas ao público e à patrocinadora. Ele, no entanto, apontou a agressão de Fabrício Werdum, treinador de Wanderlei, como um ponto de escalada da violência. “Eu procurei dar o meu melhor… Infelizmente, eu tomei três cabeçadas, e quando encerrou a luta… o treinador dele foi para cima de mim e me deu um soco, machucou muito,” disse Popó, que ainda chamou Werdum de “covarde.”
O tetracampeão fez um apelo por pacificação: “Estou e sempre estarei aqui, pronto para apertar suas mãos, te abraçar e fazer a minha parte nas desculpas — pela pacificação e preservação do boxe.” Wanderlei Silva, por sua vez, declarou ter sido “covardemente agredido” pela equipe de Popó após a luta. Ele relatou ter recebido um soco na nuca e outro no olho durante o tumulto generalizado.
Rafael Freitas, em entrevista a um veículo de comunicação, explicou que, no momento do ‘sangue quente’, não relutou em defender o pai após visualizar uma série de agressões contra ele.
Posição da Patrocinadora
A cervejaria Spaten, marca da Ambev e patrocinadora do evento, emitiu uma nota de repúdio formal. A confusão ameaçou a estratégia de marca da cervejaria, que busca associar seu produto premium a valores de disciplina e respeito nas artes marciais.
Confira a nota na íntegra
“Acreditamos que o espírito esportivo e o respeito às regras devem sempre prevalecer. Reprovamos os eventos que ocorreram após o término da última luta, que não representam esses princípios. Continuaremos trabalhando para apoiar e elevar os valores do esporte e das artes marciais”.
Veja o momento da confusão