Há 18 anos, estreava um grande sucesso na tela da Band. A novela “Floribella” fez a alegria de uma geração de crianças e jovens com sua trama fofa, além de músicas e videoclipes inesquecíveis. Por isso, é surpreendente pensar que a protagonista desta história, Juliana Silveira, quase não fez parte dela. Isso porque a atriz ficou muito nervosa, sobretudo pelo fato de que teria que cantar, e quase desistiu do teste para o papel.
“Estava muito nervosa porque teria que cantar e quase desisti de ir por esse motivo, mas aí eu pensei: vou arriscar, viver uma experiência diferente e seja o que Deus quiser”, destaca a atriz em entrevista ao Band.com.br.
Em meio a tanto nervosismo, ela teve um encontro inesperado que mudou tudo: justo com aquele que seria seu par romântico no folhetim.
“Quando cheguei no local, fui chamar o elevador e quem saiu dele? O Roger Gobeth com um violão na mão. Fomos tomar um café no bar que tinha em frente pra fazer hora e ele tocou e cantou. Esse momento foi importante pra mim porque eu relaxei e passei a curtir o dia, o momento…isso porque eu nem sabia que iria fazer o teste com ele mesmo. Já estávamos destinados a ser Flor e Fred e nem sabíamos”, descreve a intérprete.
Com a coragem restabelecida, Juliana realizou um monólogo, uma cena com Gobeth e ainda cantou “Coração de papelão” para as produtoras de elenco, para a diretora Elizabetta Zenatti e Rick Bonadio, que foi produtor musical da obra. Ela tinha conseguido o papel.
Foi um momento importante porque sai daquele teste orgulhosa por ter feito algo que eu nem sabia que seria capaz. Foi ali que eu descobri que cantar me faz feliz e essa energia boa chega até as pessoas através da música.
Floribella é baseada na novela argentina “Floricienta”. A trama segue os passos de Maria Flor, uma jovem sonhadora que foi criada pela madrinha após a morte da mãe e que canta em uma banda. Ela acaba indo trabalhar de babá na mansão dos Fritzenwalden, seis irmãos que ficaram órfãos e que ficaram sobre os cuidados do mais velho, Frederico (Roger Gobeth), que precisou até abrir mão de uma carreira fora do Brasil.
Flor e Fred se apaixonam e ela, com seu jeito doce e meigo, consegue derreter o coração duro do príncipe. Mas eles enfrentam as intrigas de Delfina (Maria Carolina Ribeiro) e de sua mãe, Malva (Suzy Rêgo), que querem dar um golpe no milionário para se apossarem de sua fortuna.
“Eu lembro das músicas, dos shows, dos olhinhos brilhantes das crianças na plateia, das roupas, do bamba da sorte, da nossa sala de maquiagem e como eu me sentia cuidada, acolhida pela equipe. Lembro de como a gente se divertia nos bastidores, os meninos eram muito engraçados. Nosso elenco era muito especial e criamos laços de afeto, era uma grande família. Foi um trabalho muito especial”, derrete-se Juliana.
Inclusive, ela diz que o momento em que os protagonistas finalmente superaram os desafios e conseguiram se casar é o que ela guarda com mais carinho em seu coração.
O dia estava lindo, o elenco inteiro estava ali, todo mundo feliz. A novela era um sucesso e a cena do casamento era muito aguardada pelo público. Bruno Miguel cantando ‘E assim será’ debaixo da árvore é uma cena que me emociona até hoje. Eu gosto dessa música e essa versão cantada por ele ficou muito especial.
Sucesso arrebatador
A trama de “Floribella” emocionou o público, mas o sucesso da novela foi bem além. A banda que fazia parte da história pulou para o mundo real e realizou diversos shows. Esse contato tão direto com o público surpreendeu Juliana e foi por meio dele que ela percebeu o fenômeno que o folhetim havia se tornado.
“Houve uma tarde de autógrafos em um Shopping de São Paulo. A novela não tinha nem um mês no ar e eu teria que autografar o CD em uma loja. Eu achei que poucas pessoas estariam por lá, mas quando nós chegamos não deu nem pra sair do carro. Tinha tanta gente na loja que os seguranças estavam com dificuldade de organizar a fila e pediram pra que eu esperasse no carro até tudo estar ok. Ali a ficha começou a cair sobre o sucesso que a novela seria!”, relembra a atriz.
Canções como “E Assim Será”, “Tic-tac”, “Porque” e “Meu vestido Azul” caíram no gosto dos espectadores e ganharam também videoclipes.
“As músicas de Floribella me surpreendem até hoje. Se eu colocar um vídeo nas redes sociais cantando ou dançando algo da época de Floribella, é certeza que o vídeo vai viralizar. Ainda me surpreendo com a reação de carinho do público toda vez que eu faço uma sessão nostalgia. As músicas são lindas e marcaram a infância de muita gente”, destaca Juliana.
Cantar não é algo fácil e você precisa ter muita disciplina com o corpo, com a sua saúde porque tudo afeta a qualidade da voz. O repertório de Floribella é difícil também, exige muito. Mas os dias que passamos em estúdio foram dias muito especiais. Eu ganhei um amigo pra vida toda, que é o Rick Bonadio. Ele foi o cara que enxergou potencial em mim, ele conseguiu ver uma cantora em mim e não me deixou sozinha em momento algum.
Mesmo 18 anos depois, Juliana Silveira diz ainda ser reconhecida na rua por seu trabalho em “Floribella” e conta que teria vontade de dizer para a jovem que ela foi anos atrás o tamanho da experiência maravilhosa que estava prestes a viver.
“Floribella transformou a minha vida e a de milhões de pipoquinhas por aí, tudo isso embalado por uma trilha sonora cativante, cheia de amor e magia. Diria para essa Juliana não se assustar e nem ter medo do sucesso. Diria que isso tudo é merecido, que ela tem muito valor e que tudo é fruto do amor e do trabalho, que ela realiza com tanto empenho e determinação. Diria para ela comemorar cada experiência linda e diria pra ela dormir sempre que possível porque vão existir momentos extenuantes que serão vencidos e você vai sair mais forte e resiliente, consciente de sua força e inteligência emocional”, arremata.