País – Principal tipo de câncer entre as mulheres pelo mundo, o câncer de mama é também o que mais mata as brasileiras, segundo o Instituto Nacional do Câncer. Por não haver uma causa única para a doença, os fatores de risco e os motivos para tantos casos são motivo de estudo em todo o mundo. Em 2023, uma pesquisa publicada na revista Lancet apontou que o fosfato, mineral encontrado em refrigerantes, pode aumentar o risco para a doença em até 14%.
O estudo, para o oncologista clínico e especialista na Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica Luis Eduardo Werneck, mostra o que os médicos já sabiam: “todos os minerais que contém ‘ato’ no fim da palavra, causam uma inflamação em nível celular”. “Essa inflamação pode aumentar a incidência de câncer, não apenas o de mama”, diz.
“O estômago lança enzimas para digerir esses ‘atos’, como folato, nitrato, fosfato, que se tornam radicais livres e que deixam o corpo inflamado. No futuro, as células podem não responder aos comandos do cérebro e se tornar um câncer”, pontua.
No caso do refrigerante, não é a bebida que causa a doença e sim, o consumo excessivo dele e de outros alimentos que utilizam o fosfato. “Ele é colocado em isotônicos e outros. Mas o ponto é que quem bebe, não bebe um por semana, bebe mais de um, todo dia e a vida inteira. O vício dele é como o de tabaco, porque propositalmente foram colocadas substâncias para deixar o refrigerante atrativo”, explica. Segundo ele, o câncer de mama pode não aparecer logo e sim, após anos e anos consumindo alimentos e bebidas ultraprocessados.
Maus hábitos alimentares podem aumentar risco do câncer de mama
Debora de Melo Gagliato Jardim, oncologista da Beneficência Portuguesa em São Paulo, comenta quais alimentos podem aumentar o risco de câncer. “Alto teor calórico, açúcar, causam a obesidade, que aumentam a possibilidade de ter câncer de mama”, pontua.
Por isso, a médica afirma que as mulheres precisam evitar alimentos processados. “Para quem tem câncer de mama ou que quer se proteger, uma dieta sem processados, industrializados, corantes, conservantes, defumados, industrializados é essencial, mas também outras estratégias ajudam como aumentar o consumo de carne vermelha, que é saudável para a mama”, diz.
O oncologista Luis Eduardo Werneck chega a dar um exemplo de outro alimento que, industrializado, tem fosfato. “Salgadinhos que acompanham o refrigerante, apesar de vir do milho, pipoca, tem fosfato. Milho é um alimento que ele é pró-inflamatório, apesar de ser um cereal. Junto com o fosfato vem conservantes e o sal. Cereais industrializados, doces com fosfato”, informa.
Além da alimentação, o médico pontua que hábitos também podem auxiliar neste processo inflamatório que causa o câncer. “Nós não comemos o que nossos avós comiam, então vivemos o fast food, ‘fast job’, pensamos rápido, isso influencia na forma de interação com o ambiente”, diz. Na mulher, esse excesso de gordura e má alimentação tem relação com o câncer de mama.
“Todo excesso de gordura é transformado em estrogênio, que é causador e aumenta, alimenta o câncer de mama. Tudo que tem gordura em excesso alimenta a carcinogênese. Por isso falamos do exercício físico, que alcaliniza o corpo e diminui a chance de desenvolvimento do câncer de mama. Mas isso não quer dizer que não tenho atletas com câncer de mama, mas esses pacientes não refletem a realidade”, pontua o médico.
Pedro Archer, médico e gestor da saúde também aponta que o consumo excessivo de gordura saturada pode também causar maior risco de câncer de mama. “Mas também o consumo de tabaco, álcool, exposição à radiação e falta de atividade física também aumentam as chances da doença”, analisa.
Ele aponta que alguns alimentos que são considerados vilões, não têm relação alguma com a doença. “Cafeína e chocolate. caso sejam consumidos de forma moderada, eles não são associados ao aumento do risco de câncer de mama. Esses são mitos infundados”, pontua.