País – O Brasil é o 3º maior produtor de cerveja do mundo, atrás somente da China e dos Estados Unidos. De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), o país tem 1.729 cervejarias e, neste ano, o consumo deve chegar aos 16.1 bilhões de litros. Mas, o preço da cerveja pode ter uma alta considerável no ano que vem. Isso, porque as instabilidades climáticas derrubaram a produção de cevada no país, aumentando a demanda por importação de malte, e o “imposto do pecado”, taxa prevista na reforma tributária, que passa a valer para bebidas alcoólicas e cigarros, pode encarecer os preços ainda mais.
Um dos principais fatores para a alta dos preços da cerveja está no campo: a produção de cevada no Brasil, concentrada na região sul do país, deve ter uma redução de 17,3%, e a safra do cereal foi estimada em 416,2 mil toneladas, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A menor produção é consequência do excesso de chuvas que atingiu a região sul neste ano bem na época da colheita. “O excesso de chuvas afetou a qualidade dos grãos e o volume produzido ao final da safra”, explicou o gerente de agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes.
Segundo Guedes, a demanda por cevada no Brasil gira em torno de 900 mil toneladas e mais da metade do volume é importada. “Com as chuvas, a safra nacional será menor e as cervejarias precisarão importar mais, o que eleva os custos das indústrias e esse custo será repassado aos consumidores”, disse. No ano passado, a produção de cevada no Brasil foi de 522 mil toneladas.
Desde 2021, as cervejarias e cooperativas do Paraná, que é a região que mais produz cevada no Brasil, estão apostando nas lavouras de cevada, que é uma cultura de inverno, para reduzir a dependência da importação.
“Imposto do Pecado”
Outro fator que pode encarecer o preço da cerveja é a Taxa Seletiva, um imposto previsto na Reforma Tributária para bens e serviços que possam ser prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e agrotóxicos. No entanto, os detalhes do “Imposto do Pecado” só serão anunciados nas próximas fases da reforma, após a aprovação do texto-base.
Segundo o secretário da reforma, Bernardo Appy, a taxa deve ser imposta, de fato, apenas em 2027, mas os detalhamentos e discussões sobre as alíquotas que incidem sobre cada item considerado nocivo à saúde pode gerar especulações e oscilações econômicas. Esse imposto é baseado no sin tax norte-americano. Com essa taxa, vinhos também podem ficar mais caros no Brasil.