Manaus (AM) – O programa Band Entrevista do último domingo (30/11), com apresentação do jornalista Neto Cavalcante, recebeu o diretor-presidente da concessionária Águas de Manaus, Pedro Augusto Freitas. O episódio trouxe à tona o debate da realidade sobre o saneamento básico na capital amazonense, planos da empresa e metas para universalizar o serviço em toda Manaus até 2033.
O principal foco da conversa foi o projeto de investimentos da Águas de Manaus que prevê a aplicação de R$ 3 bilhões até 2045. Do montante, R$ 2 bilhões serão destinados à implantação do sistema de esgoto na cidade. A meta, conforme Pedro Augusto, é desafiadora, mas urgente e possível de ser cumprida.
Universalização do saneamento e desafio da “Última Milha”
A empresa, que completa sete anos de operação em 2025, encontrou uma cobertura de coleta e tratamento de esgoto de apenas 16% em 2018 e espera encerrar 2025 com uma cobertura próxima a 40%. O avanço no saneamento básico é visto como um projeto fundamental para o desenvolvimento da cidade, pois reduz doenças veiculadas pelo contato com água contaminada e possibilita a recuperação dos igarapés.
O diretor-presidente sublinhou que a concessionária está investindo na construção de 3.000 quilômetros de rede de esgoto até 2033, o que equivale à distância de Manaus a Brasília. No entanto, Augusto alertou para o “risco do ponto de vista de operação” de que, após todo o investimento em rede, captação e estações de tratamento (como a nova estação no bairro da Raiz para recuperar o Igarapé do 40), a população não faça a parte dela.
A companhia realiza todo o sistema até o ponto de conexão na porta da casa do usuário. Pedro Augusto chamou a ligação da residência à rede de esgoto de “a última milha” da corrida, ressaltando que é crucial para o sucesso do projeto e um ato de cidadania: “Se a população não faz a parte dela, quer fazer, como se diz, a última milha, o último ponto ali, a reta final da corrida… a gente para a corrida”.
Complexidade do Rio Negro e tecnologia sustentável
Manaus representa uma das operações mais importantes e complexas para o grupo EGE, do qual a Águas de Manaus faz parte. A principal dificuldade reside no tratamento da água: 99% da água distribuída vem do Rio Negro. Pedro Augusto descreveu essa água como a mais difícil de ser tratada entre todas as operações do grupo, mencionando que “o Rio Negro parece um chá” que não decanta, possui um pH muito baixo (ácido) e temperatura alta, sendo “o pesadelo do operador”. Para superar esse desafio, Manaus opera o sistema de tratamento de água “mais moderno e mais avançado”.
Um subproduto desse tratamento complexo é o lodo gerado, que é rico em matéria orgânica. Pensando em uma operação sustentável, esse lodo, que antes era destinado a aterros sanitários, agora é procurado por uma empresa do Rio Grande do Sul para ser transformado em fertilizante, dada a sua riqueza orgânica.
A empresa também investe em tecnologia avançada para melhorar a operação. Veículos especiais estão mapeando a cidade (de forma similar ao Google Street View) para obter um cadastro técnico e planejar as obras, minimizando o impacto no trânsito e na vida das pessoas. Além disso, a companhia utiliza tecnologia israelense de satélite para identificar vazamentos de água em Manaus a partir da órbita, detectando água clorada e direcionando as equipes terrestres com maior precisão.
Dignidade e cidadania com a Tarifa 10
Reconhecendo as peculiaridades da região, a concessionária adaptou seu sistema para o abastecimento em estruturas como as palafitas, que não possuem norma técnica para construção de saneamento básico. As redes de água são ancoradas nas passarelas para se adaptar à variação do nível do rio e evitar o contato com água contaminada, garantindo a qualidade do abastecimento.
No âmbito social, Pedro Augusto destacou o programa Tarifa 10, que estabelece um valor fixo de R$ 10 mensais para água e esgoto para famílias de baixa renda. Atualmente, o programa atende a 600 mil pessoas. O impacto do programa vai além do financeiro: “Para várias dessas famílias, foi o primeiro comprovante de endereço que elas tiveram”, transformando “essas famílias que eram invisíveis, em invisíveis” e lhes dando a possibilidade de acesso a serviços como conta em banco e crediário.
Campanhas e Metas para 2026
Para auxiliar os consumidores com dificuldades financeiras, a Águas de Manaus lançou a campanha de negociação “Zero Dívida”, que permite aos clientes negociar débitos por meio do WhatsApp e outros canais, oferecendo descontos de até 90% do valor da dívida (incluindo juros e multas), com o objetivo de facilitar o atendimento e melhorar a adimplência.
Olhando para o futuro, o diretor-presidente afirmou que Manaus, sendo a capital que mais cresceu no Brasil nos últimos 12 anos, exige o avanço contínuo dos serviços. Para 2026, a meta é acelerar os investimentos no abastecimento de água para comunidades carentes e intensificar a implantação da rede de esgoto, visando entregar 230 quilômetros de rede.
A empresa também reconhece a importância da comunicação e promove o Prêmio de Jornalismo Ambiental (na sua quarta edição), que homenageia os jornalistas do Amazonas por traduzirem o complexo “engenheireza” para que a população possa compreender e debater o saneamento básico. Evento acontece na próxima quinta-feira (4).
A íntegra da participação de Pedro Augusto Freitas no programa Band Entrevista está disponível para acesso no canal oficial do YouTube da Band AM. O programa é exibido todos os domingos, a partir das 23h55, na TV Band Amazonas (canais 13.1 / 518 – NET e 413 – SKY).
Confira o episódio completo







