As imagens editadas nas redes sociais e na mídia, que escondem características naturais do corpo feminino, podem desencadear insatisfação e afetar a saúde mental das mulheres. Os ‘corpos perfeitos’, que muitas vezes não existem na vida real, fazem com que mulheres se sintam constantemente insatisfeitas com as próprias imagens.
É o caso da Roberta Camargo, que sente a dificuldade de se amar do jeito que é na pele. Ela, que tem dermatite atópica, tentou esconder manchas permanentes da condição. “Não gosto do jeito que as pessoas olham, não é acolhedor”, afirma.
Mas a jornalista teve a coragem de falar da dermatite atópica e do próprio corpo ao ver um vídeo da influenciadora Viih Tube. Grávida, a influenciadora mostrou as mudanças no corpo, como estrias, celulite e cicatrizes. Para Roberta, este é um exemplo de como as mulheres devem seguir. “Temos que abraçar nossas vulnerabilidades e entender que só assim temos energia sendo inspiração para outras pessoas e nos fortalecendo”, afirma.
Só em uma rede social, o vídeo de Viih Tube teve centenas de comentários de mulheres se sentindo acolhidas pelo relato.
Internet potencializa corpos irreais
Atualmente, todos têm um equipamento de manipulação de imagem na palma da mão: o celular. Mas muitas vezes, o que é visto na tela, não é real. E é aí que vem o problema: quem busca a imagem impossível de alcançar, potencializa malefícios para a saúde mental.
Mas é pela internet que outra onda vem ganhando força: valorizar os corpos reais. A fotógrafa Maria Ribeiro faz ensaios de mulheres e não retoca nenhuma imagem. A meta é mostrá-las como são.
“A gente via as atrizes, modelos no estúdio, ao vivo e depois as imagens que saiam na TV, na revista, no outdoor e eu falava: ‘não é a mesma pessoa’", diz. E foi refletindo sobre o próprio trabalho que Maria pensou em mudar na carreira.
"A quantidade de manipulação de imagem, nesta criação dos padrões estéticos que a gente consome enquanto sociedade, é absurda. Eu pensava: 'gente, eu estou participando desta criação deste padrão estético, fazendo milhões de mulheres, incluindo eu na época, se odiarem”, reflete.
O caminho para a autoaceitação é longo, questiona padrões e flerta com a liberdade de se amar e se aceitar. Pode ser no cabelo, nas manchas da pele da Roberta, nas cicatrizes da Viih Tube ou nas mulheres reais fotografadas pela Maria.