País – A estudante mineira Carolina Arruda Leite, de 27 anos, que ficou conhecida ao abrir uma vaquinha online para arrecadar dinheiro para fazer eutanásia na Suíça, disse nesta quarta-feira (10) ao Bora Brasil que, embora tenha iniciado um novo tratamento para dores, ainda não desistiu de passar pelo procedimento no país europeu.
“Não. Não desisti. A ideia ainda está muito presente (…). Eu perdi as esperanças em qualquer tipo de tratamento há muito tempo. Já tive tantos tratamentos, tantas terapias falhas, que hoje em dia eu não tenho mais esperança de que alguma coisa dê certo. Mas nesse meio tempo em que estou buscando a eutanásia, e por causa da burocracia dela, que demora pelo menos dois anos, quero ter o mínimo de dor possível”, disse.
Carolina convive há 11 anos com a neuralgia do trigêmeo bilateral, uma condição rara considerada a mais dolorosa do mundo. A síndrome causa choque elétricos no rosto equivalentes ao triplo da carga de uma rede 220 volts. Nesta semana, ela se internou na Clínica da Dor da Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais, para passar por um novo tratamento.
“Os médicos não deram estimativa de tempo para melhorar as dores. Na realidade o tratamento possui várias etapas (…), mas não temos expectativa de quando vai melhorar. Até porque não sabemos nem se vai”, contou.
Como a filha encara a eutanásia
Carolina Arruda é casada e tem uma filha de 10 anos – um dos motivos pelos quais diz que a eutanásia foi “a decisão mais difícil” que já teve que tomar.
“Essa decisão foi a mais difícil e a mais clara que já tive na vida. Eu pensei muito na minha filha, penso ainda, mas tenho que pensar em mim. Eu sofro o dia inteiro. Não gostaria de ver minha mãe sofrendo o tanto que eu sofro só para mantê-la viva perto de mim. As pessoas [que julgam] não pensam no meu sofrimento dia após dia”, disse.
A mineira explicou que sente dores intensas 24 horas por dia, todos os dias, que causam efeitos secundários como enjoo, vômitos e desmaios. Em parte do tempo, as dores são de grau 6; durante as crises, intensificam para grau 10, tornando-se insuportáveis.
“Minha filha compreende a eutanásia, compreende o fato de uma pessoa querer morrer por sentir tanta dor. Ela mesmo fala que deve ser insuportável. Tem momentos que fala que não quer, mas compreende, entende”, concluiu.