Cuca foi apresentado no Corinthians nesta sexta-feira (21/4). O técnico assume o lugar de Fernando Lázaro, que volta a ser auxiliar permanente do Timão.
Na abertura, o treinador foi questionado sobre o caso de estupro que esteve envolvido, em Berna, na Suíça, em 1987. O treinador disse que é inocente e ainda comentou sobre a revolta de parte da torcida.
"É um tema delicado, pessoal meu. Eu faço questão de falar sobre ele, e tentar ser o mais aberto possível sobre isso, dentro do que me cabe. É um tema que ocorreu há 37 anos, em 1987. Eu era emprestado do Juventude ao Grêmio, estava no Grêmio há uns 15 dias. Tenho uma lembrança vaga de tudo que aconteceu, faz muito tempo, eu tinha 23 anos. Na lembrança que eu tenho, iríamos jogar uma partida e subiu uma menina para o quarto. O quarto era o que eu estava, com mais três jogadores, um quarto duplo. Duas camas de casal, fazia um L. Essa foi a minha participação nesse caso, eu sou totalmente inocente nesse caso. Eu não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro. Houve acho que um ato sexual a um vulnerável. E isso foi a pena que foi dada."
“Nós ficamos lá para averiguação, por três vezes a moça esteve lá na frente, e não é que não me reconheceu. Eu não estava [na cena]. A vítima é a moça. ‘O rapaz não está, o rapaz não está’. E eu juro por Nossa Senhora, que é algo que mais adoro e amo na vida. Como eu posso ser condenado pela internet? Ao mesmo tempo, ela te julga e te pune. Eu sei que o mundo mudou, que hoje é um mundo melhor, a mulher tem uma autodefesa muito maior. E tem que ser cada vez mais. Eu quero fazer parte disso, eu sou pai, sou marido. Eu quero poder ajudar. Por isso estou aqui, num clube que tem 53% da torcida feminina”, acrescentou Cuca.
Em seguida, o treinador reforçou que é cercado de mulheres e que seu maior erro talvez seja não ter falado sobre o tema anteriormente.
“Tem repórteres que dizem que devo uma desculpa para a sociedade. Por que eu devo uma desculpa se eu não fiz nada? Dois anos e meio depois desse caso, eu fui jogar ali do lado, em Valladolid. Nunca teve consequência nenhuma. A vida passou, 37 anos… nos últimos 2, 3 anos, ela [vida] mudou para muito melhor. Essa causa eu quero abraçar também pela minha família, minhas filhas, minha esposa. Isso tudo me machuca muito. Mas, do fundo do meu coração, pode ter protesto, pode ter o que for, não é maior do que a minha vontade de estar aqui. Eu vim porque eu sinto que posso desenvolver meu trabalho, que a condição é boa. Era o único grande de São Paulo que não tinha trabalhado, tinha uma vontade enorme de estar aqui, e vou dar o meu máximo”, afirmou.
“Meus erros foram esses: quem sabe o principal não for ter falado mais sobre o tema. Eu estou aberto agora a falar sobre isso, com quem for. Eu não vou parar de trabalhar por causa disso. Um assunto inexistente, não tem processo, não tem mais nada. Meu erro foi não ter falado sobre isso, ter encarado esse assunto antes. Muitas vezes esse assunto nunca foi tratado anteriormente, até pela própria imprensa.”