A escritora Lya Luft morreu nesta quinta-feira, 30/12, aos 83 anos, em Porto Alegre (RS). Ela lutava contra um câncer descoberto há sete meses já em fase de metástase. Autora de 31 títulos, como "O quarto fechado", "As parceiras" e "Perdas e ganhos", Lya foi, durante anos, colunista da revista Veja. A escritora era viúva do dicionarista Celso Luft, autor do dicionário que leva seu sobrenome.
Lya publicou seu primeiro livro em 1964, a antologia de poemas "Canções de liminar". Em 1972, lançou outro livro de poesia, "Flauta doce". Estreou na prosa em 1978 com um volume de contos: "Materia do cotidiano", publicado pela Nova Fronteira.
Encorajada pelo editor Pedro Paulo Sena Madureira, enveredou pelo romance e, em 1980, lançou "As parceiras", no qual a narradora Anelise se vê às voltas com os fantasmas da avó, das dias, da irmã e de uma amiga e com a história própria família, marcada pela loucura. No ano seguinte, publicou "A asa esquerda do anjo", que acompanha a filha de uma rígida família alemã do Sul do Brasil.
Em 2001, Lya recebeu o prêmio da União latina pela tradução de "Lete: arte e crítica do esquecimento", do filólogo alemão Harald Weinrich. Em 2013, o romance "O tigre na sombra" arrematou o prêmio da Academia Brasileira de Letras (ABL).
A escritora gaúcha nasceu em 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, em uma família de ascendência alemã. Leitora desde a infância, aos 11 anos, Lya já recitava poemas de Goethe e Schiller. Estudou pedagogia e letras anglo-germânicas na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) o obteve os títulos de mestre em linguística pela Faculdade Porto-Alegrense (FAPA) e doutora em literatura brasileira pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também deu aula. Traduziu escritores como Vigina Woolf, Rainer Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing e Thomas Mann.
Aos 25 anos, casou-se com Celso Pedro Luft, que ela conheça durante uma prova de vestibular, para a quel ela se atrasara. Em 1985, separou de Luft para viver com o psicanalista Hélio Pellegrino, que faleceu em 1988. Em 1992, voltou a viver com Luft, de quem ficou viúva em 1995. Com Luft, Lya teve três filhos: Susana, André e Eduardo. André.