O cantor Gilberto Gil e a esposa, Flora Gil, foram hostilizados por torcedores brasileiros no estádio Lusail, no Catar, durante a partida entre Brasil e Sérvia pela Copa do Mundo. O caso ocorreu na quinta-feira (24), mas vídeos dos xingamentos foram compartilhados na madrugada de domingo (27) nas redes sociais.
O vídeo mostra o momento em que o casal vai até a arquibancada do estádio e é abordado por torcedores com palavrões. Além dos xingamentos, os torcedores gritavam: “Vamos, Lei Rouanet”, em referência à lei de incentivo a cultura e “Vamos, Bolsonaro”.
A publicação também mostra outro torcedor que pede para tirar uma foto com o cantor. Na gravação, Gilberto e Flora Gil não respondem aos insultos.
Em vídeo, Gilberto Gil agradeceu o apoio dos fãs e de amigos famosos nas redes sociais. “Nossos agradecimentos, meus e da Flora, por essa corrente solidária diante dessa agressão, essa coisa estúpida, enfim. É o terceiro turno, os inconformados querendo manter essa coisa do ódio, da agressividade”, afirmou e desejou um bom jogo para a Seleção Brasileira na segunda-feira (28).
Famosos como Caetano Veloso e Daniela Mercury prestaram solidariedade a Gilberto Gil. Randolfe Rodrigues, senador do Amapá, afirmou que irá denunciar o torcedor e cobrar punições da FIFA.
“Ele tem 80 anos e estava com sua esposa. Quero prestar solidariedade ao gênio Gil e dizer que nós, os artistas, assim como a verdadeira sociedade, esperamos que os criminosos sejam punidos”, escreveu Caetano Veloso, pelo Twitter.
“Saí do show há pouco e estou devastada com as agressões que Gilberto Gil sofreu no Qatar. Gil é um patrimônio cultural do Brasil. É nosso mestre. É um Deus da música. Toda minha solidariedade a ele. Todos meus esforços para achar o agressor”, publicou Daniela, também pela rede social.
Pelo Twitter, a filha do cantor, Preta Gil, pediu respeito ao pai. “O que aconteceu com meu pai e Flora no dia do jogo do Brasil no Catar, onde foram agredidos verbalmente por um bolsonarista violento é assustador", afirmou. Preta disse que ela e Gil prezam pela convivência pacífica entre ideais diferentes.
"Eu e meu pai pensamos parecido a respeito de conviver com o diferente, estamos acostumados, mais que isso, tentamos de forma muito civilizada a convivência sem nos sentirmos ameaçados e tão pouco ameaçar", pontuou.
“Eu, meu pai ou Flora jamais, em situação nenhuma iríamos atacar ou xingar um bolsonarista gratuitamente. Eu realmente acho que nem todo eleitor do Bolsonaro seja a escória da humanidade, mas esse infelizmente é", disse, criticando o torcedor que atacou Gil. Por fim, ela se diz revoltada com as agressões. "O que ele fez com meu pai foi tão agressivo, tão nojento, tão violento que devemos sim nos revoltar. O bolsonarismo mata e fere, isso tem que acabar”, completou.