Mundo – Eric Lorran Vieira, irmão do brasileiro Thiago Allan Freitas, de 38 anos, sequestrado por criminosos armados no Equador na terça-feira (9), declarou que enviou cerca de US$ 500 (R$ 2.450 na cotação atual do real) para os bandidos.
Em entrevista ao BandNews TV, Eric informou que os criminosos exigiram cerca de US$ 8 mil e depois pediram contato do seu sobrinho e de uma amiga, que estão no Equador. “Assim que eu soube, eu retirei os meus sobrinhos da casa deles, porque me mandaram fotos e vídeos deles na casa onde estão morando, e imagens do meu irmão vendado”, declarou.
“A primeira coisa que pensei foi na segurança das crianças. Eles exigiram que eu pegasse o cartão do meu irmão, mas falei que estava no Brasil e tivemos que contatar a polícia, que ajudou a procurar os cartões de crédito, mas não achamos o cartão e eles pediram dinheiro. Conversamos com pessoas e parentes para ver se conseguíamos juntar o dinheiro, porém, eles nos pressionaram e mandamos 500 dólares, que foi o que conseguimos, e eles ficavam bravos, do jeito deles, e pedindo mais”, disse Eric Lorran Vieira.
O irmão do brasileiro sequestrado pontuou que soube do que aconteceu com Thiago por meio de um amigo. Segundo ele, os sequestradores tiveram acesso ao celular de seu irmão e mandaram mensagens para algumas pessoas, muitas delas de Guayaquil.
“Eles não responderam por já conhecerem a cidade e saber como funciona. Esse amigo do Brasil me mandou a conversa e contou o que estava acontecendo, falei para que ele não respondesse e deixasse comigo”, contou em entrevista ao BandNews TV. “Eu tenho contato com os sequestradores e começamos a falar, a negociar. Eles me falaram o que queriam, o que pretendiam, fizeram ameaças”, completou.
“O que nós podemos falar até agora é que pela manhã (de terça-feira) ele foi para a academia, tínhamos uma ideia do que ele iria fazer, mas os policiais investigando viram que foi ao acaso, não foi nada pessoal com ele, uma coisa que nos avaliou bastante porque é o caos generalizado instalado”, afirmou Eric.
Itamaraty
Ele diz que o governo brasileiro ainda não ajudou a família e pede urgência para que ouçam a família, que ajudem nas investigações, que sejam mais efetivos e ajude na volta ao Brasil, “independente de como termine essa questão do sequestro”. “Meus sobrinhos, graças a Deus, estão mais seguros, mas queremos eles aqui”, reforçou.
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para uma reunião nesta quarta-feira (10), no Palácio da Alvorada, onde vão discutir a onda de violência que atinge o Equador.
O Ministério das Relações Exteriores está em contato com as polícias do Equador e estuda formas para repatriação dos filhos do brasileiro Thiago Allan Freitas, de 38 anos, sequestrado por homens armados no Equador. A diplomacia entrou em contato com uma amiga da família que ficou responsável pelos filhos do nacional.
O Itamaraty informou que "acompanha com atenção denúncia de sequestro de cidadão brasileiro no Equador, mantém contato com seus familiares e busca apurar as circunstâncias do ocorrido junto às autoridades locais" por meio da Embaixada em Quito.
Onda de violência no Equador
A onda de violência sem precedentes desencadeada por organizações criminosas no Equador deixou pelo menos dez pessoas mortas na terça-feira (9) e dezenas de pessoas presas. Antes de declarar o estado de emergência, Noboa havia anunciado a mobilização de milhares de agentes das forças de segurança para recapturar Adolfo Macias, conhecido como Fito, noticiado no último domingo, bem como a motins subsequentes nos presídios.
Macias é líder do Los Choneros, uma das facções criminosas mais temidas do país, e seria transferido para uma prisão de segurança máxima. Ele cumpria pena de 34 anos de prisão desde 2011 e é suspeito de ter tramado o assassinato no ano passado do candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio.
Também na terça, as autoridades anunciaram a fuga de outro narcotraficante, Fabricio Colón Pico, da facção Los Lobos, preso na sexta sob suspeita de participar de um sequestro e de tramar um plano para assassinar a chefe do Ministério Público.
O presidente do Equador, Daniel Noboa, editou na terça-feira um decreto declarando a existência de um conflito armado interno em nível nacional. A providência adotada pelo governo reconhece 22 facções criminosas como organizações terroristas e, com isso, prevê punições mais graves e medidas mais enérgicas contra elas. O decreto também prevê uma atuação das Forças Armadas em operações para neutralizar a ação das quadrilhas. A norma também estabelece um toque de recolher das 23h às 5h em todo o Equador.
Na segunda-feira, ele já havia decretado estado de exceção no país, medida que deve vigorar por 60 dias e permite o emprego de forças militares nas ruas e em prisões, bem como a imposição de toque de recolher.