Itacoatiara – O estudo constatou que a ingestão de microplástico pode causar efeitos negativos no crescimento de juvenis, ganho de peso e influenciar na sobrevivência dos adultos dessa espécie de caranguejo de água doce. O grupo de pesquisadores do município de Itacoatiara (distante 176 quilômetros de Manaus) avaliou os efeitos da ingestão de microplásticos em caranguejos vermelhos (Dilocarcinus pagei), espécie comum na região amazônica encontrada em área de várzea.
A pesquisa, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), buscou conhecer os impactos dos poluentes, na preservação dos crustáceos e da fauna aquática. “Resíduos de microplásticos e sua influência na biologia do caranguejo vermelho Dilocarcinus pagei capturados nas áreas de várzeas de Itacoatiara” foi desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Segundo o coordenador da pesquisa, Gustavo Yomar Hattori, as partículas de microplásticos vêm sendo encontradas em grande variedade e quantidade em ambientes de água doce, com exposição cada vez mais frequente nos organismos aquáticos.
“Comparamos os resultados entre indivíduos adultos e juvenis e entre machos e fêmeas do caranguejo vermelho Dilocarcinus pagei. A microscopia eletrônica de varredura (MEV) e a espectroscopia vibracional Raman foram utilizadas para identificar e confirmar a presença das partículas de microplástico”, explica o pesquisador.
Doutor em Zootecnia, Gustavo Hattori afirma que o efeito da ingestão do microplástico misturado na ração e à macrófita também foram avaliados no crescimento de juvenis dos caranguejos, recém eclodidos por um período de 90 dias, além do efeito no ganho ou perda de peso de machos e fêmeas adultos.
Microplásticos
O estudo analisou via microscopia eletrônica de varredura (MEV), lupas com sistema de análise de imagem e a espectroscopia vibracional Raman para identificar e confirmar a presença das partículas microplásticos oriundas de sacolas plásticas de polietileno fragmentadas 0,5 e 1 milímetro nos crustáceos.
O coordenador da pesquisa, relata que os caranguejos têm o hábito alimentar onívoros além de serem atraídos por matéria orgânica em decomposição. “Esses animais podem vasculhar o lixo presente na água a procura de alimento e nessa manipulação de sacolas plásticas pode ocorrer também a ingestão acidental”, disse.
Para conscientizar sobre a contaminação dos microplásticos nos rios, lagos e igarapés da região, os pesquisadores também realizaram oficinas nas escolas da zona urbana de Itacoatiara.