O corpo de Rita Lee será velado no Planetário do Parque Ibirapuera nesta quarta-feira, 10/5. O público poderá acessar a despedida a partir das 10h. Mas por que no Planetário?
Em resposta à Band, a Urbia, concessionária que administra o Planetário, afirmou que, durante o velório, haverá uma projeção do céu do dia em que a cantora nasceu, 31 de dezembro de 1947. Além disso, a justificativa para que o local fosse escolhido como “a última dança” de Rita Lee com o público é que a cantora afirmou à sua empresária que gostaria de voltar ao local, além de tê-lo citado em seu livro “Rita Lee: Uma autobiografia”, como “Floresta Encantada”, em que afirma que o planetário era um “must semanal”.
“O Planetário do Ibirapuera era o must semanal, e depois da sessão, uma banana-split na lanchonete ao lado”, escreveu Rita.
As declarações de Rita Lee sobre extraterrestes e sua maneira ‘esotérica’ de viver permitem que se faça uma relação entre ela e o seu eu lírico em relação ao universo. Seu filho, Antonio Lee, publicou uma homenagem à mãe nas redes sociais dizendo que a espera para continuar as “longas conversas sobre o universo”.
Também conhecida pelos sucessos da década de 70 e 80, como “Disco Voador”, “Alô, alô marciano”, “Dois mil e Um” e “Desculpe o Auê”, onde fala sobre vida em outros planetas e assuntos relacionados, Rita sempre deixou explícita sua crença em vida nos outros planetas. Em 2016, por exemplo, a cantora assumiu o papel de atriz e interpretou um extraterrestre na série “Manual para se Defender de Aliens”, Ninjas e Zumbis, da Warner Channel.
Biografia
A cantora Rita Lee morreu aos 75 anos. A artista enfrentou um câncer de pulmão desde 2021. Em nota nas redes sociais, a família da 'Rainha do Rock' informou que Rita Lee morreu na noite de segunda-feira, 8/5, em São Paulo, ao redor do “amor de toda a família, como sempre desejou”.
Rita Lee já havia comentado sobre a morte, em tom bem-humorado. “Quando morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão ‘Ovelha Negra’, as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido”, escreveu, na autobiografia da cantora.
Rita Lee nasceu e cresceu em São Paulo. Na adolescência, a artista começou a se interessar por música e em 1963 começou a carreira no Teenage Singers, com pequenos shows em festas colegiais. Três anos depois, ela entrou na banda Os Mutantes, cantando ao lado de Arnaldo Baptista e Sérgio Dias.
A banda fez grande sucesso em festivais de música popular brasileira e, acompanhada dos componentes, Rita Lee fez álbuns solo. Em 1972, Rita saiu do grupo e se consagrou nacionalmente com a banda Tutti Frutti e em carreira solo, ao lado do marido e companheiro até o fim, Roberto de Carvalho.
Dona de um estilo próprio e por vezes irônico, deixou a sua marca em grandes hits como “Ovelha Negra”, “Lança Perfume”, “Era Venenosa”, “Mania de Você” e tantos outros.
Um dos momentos mais importantes do início da carreira foi durante a passagem pela banda Mutantes, em meados dos anos 60 e início da década seguinte, que fez história no cenário musical brasileiro ao mesclar rock progressivo com o tropicalismo. A saída da cantora da banda foi turbulenta, uma vez que ela foi expulsa do grupo após divergências artísticas e com Arnaldo Baptista – um dos integrantes e com quem ela era casada.
Após a saída dos Mutantes, Rita formou uma dupla feminina com Lúcia Turnbull – As Cilibrinas do Éden. Na sequência, entrou para o grupo Tutti Frutti nos anos 1970. Foi nessa época que ela conheceu o seu grande amor, o compositor e multi-instrumentista Roberto de Carvalho, com quem esteve casada por mais de 40 anos e pai de seus três filhos.
Rita e Roberto também formaram uma importante parceria musical, o que deu origem a clássicos como “Lança Perfume”, “Nem Luxo, Nem Lixo” e “Banho de Espuma” e outros hits que os levaram ao sucesso até mesmo internacional.
Ao longo da carreira, a cantora, vista como transgressora, revolucionou o gênero ao tratar de temas tratados como tabus, como menstruação, sexo, drogas. Uma das maiores artistas do Brasil, Rita Lee teve uma importância para além da música, trazendo um discurso de empoderamento feminino seja nas composições ou mesmo em entrevistas.
Crítica e direta ao ponto, a cantora falou em sua autobiografia sobre feminismo e o que pensava dos rumos do movimento. “O que mais se vê é um feminismo chauvinista do vamobotáozmachoprafudê, desviando a artilharia do que é mais importante: salários iguais e o direito sobre o próprio corpo”, declarou.