Washington, DC (EUA) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (30) um decreto que aumenta para 50% a tarifa sobre produtos importados do Brasil. A medida, segundo a Casa Branca, entra em vigor já a partir do dia 6 de agosto e representa um dos maiores aumentos tarifários aplicados contra um parceiro comercial nos últimos anos.
De acordo com Trump, o chamado “tarifaço” é uma reação direta a questões que ele considera “abusos” por parte do governo brasileiro, incluindo o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, críticas à liberdade de expressão nas plataformas digitais e o que classificou como “concorrência desleal” em setores estratégicos da economia.
A decisão surpreendeu autoridades brasileiras, que vinham tentando negociar uma saída diplomática desde maio, por meio de cartas formais e reuniões envolvendo o vice-presidente Geraldo Alckmin e representantes do Itamaraty. As tratativas, no entanto, não surtiram efeito.
Impacto na economia
O novo pacote tarifário tem potencial para afetar exportações-chave brasileiras, mas isenta produtos alimentícios como castanhas, polpa de laranja e suco de laranja, além de minério de ferro, combustível de aviação e artigos da aviação civil. Estimativas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) apontam para uma possível perda de até R$ 175 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e a eliminação de mais de 1,5 milhão de empregos, caso a medida seja mantida nos próximos anos.
Reação do governo brasileiro
O presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou duramente a medida. Durante evento em Brasília, Lula afirmou que o Brasil não aceitará imposições comerciais por motivação política. “O país não será refém de interesses eleitorais dos Estados Unidos”, disse.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo já trabalha em medidas emergenciais para proteger empresas exportadoras, como linhas especiais de crédito, facilitação de logística e estímulos ao comércio com outros países. A empresa brasileira Embraer, que possui contratos estratégicos com o mercado norte-americano, é uma das mais expostas aos efeitos imediatos do decreto.
Clima de tensão diplomática
A assinatura do decreto por Trump reacende a tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos em um momento delicado do cenário geopolítico internacional.
Até o momento, a Organização Mundial do Comércio (OMC) não se manifestou oficialmente sobre o caso. O Brasil, no entanto, estuda acionar o órgão nos próximos dias caso não haja avanço nas tratativas bilaterais.
Enquanto isso, representantes do setor produtivo brasileiro cobram respostas firmes e estratégias alternativas, como a ampliação de acordos comerciais com países da Europa, Ásia e América Latina, para compensar a provável retração no comércio com os Estados Unidos.
Confira o comunicado da Casa Branca na íntegra
ENFRENTANDO UMA EMERGÊNCIA NACIONAL: Hoje, o Presidente Donald J. Trump assinou uma Ordem Executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o total da tarifa para 50%, para lidar com políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.
- A Ordem declara uma nova emergência nacional usando a autoridade do Presidente sob a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977 (IEEPA) e estabelece uma tarifa adicional de 40% para enfrentar as políticas e ações incomuns e extraordinárias do Governo do Brasil que prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos, a política externa dos EUA e a economia americana.
- A Ordem conclui que a perseguição política, intimidação, assédio, censura e processos judiciais contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves abusos de direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil.
USANDO INFLUÊNCIA PARA PROTEGER NOSSOS INTERESSES: O Presidente Trump reafirmou consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras, incluindo a proteção da liberdade de expressão, a defesa de empresas americanas contra coerção censória ilegal e a responsabilização de violadores de direitos humanos por seu comportamento fora da lei.
Recentemente, membros do Governo do Brasil tomaram ações sem precedentes para coagir de forma tirânica e arbitrária empresas americanas a censurar discurso político, remover usuários de plataformas, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação de conteúdo sob pena de multas extraordinárias, processos criminais, congelamento de ativos ou exclusão total do mercado brasileiro. Isso compromete não apenas a viabilidade das operações comerciais de empresas americanas no Brasil, mas também a política dos Estados Unidos de promover eleições livres e justas e proteger direitos humanos fundamentais dentro e fora do país.
Por exemplo, desde 2019, o Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de Moraes, tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, perseguir e intimidar milhares de seus opositores políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências, frequentemente em coordenação com outros membros do STF, em prejuízo de empresas americanas que operam no Brasil.
- O Ministro Moraes emitiu unilateralmente centenas de ordens para censurar secretamente seus críticos políticos. Quando empresas americanas se recusaram a cumprir essas ordens, ele impôs multas substanciais, ordenou a exclusão dessas empresas do mercado de redes sociais no Brasil, ameaçou seus executivos com processos criminais e, em um caso, congelou os ativos de uma empresa americana no Brasil para forçar o cumprimento.
- De fato, além de prender indivíduos sem julgamento por postagens em redes sociais, o Ministro Moraes está atualmente supervisionando o processo criminal do Governo do Brasil contra Paulo Figueiredo, residente nos EUA, por declarações feitas em solo americano, e apoiou investigações criminais contra outros cidadãos americanos após eles denunciarem suas graves violações de direitos humanos e corrupção.
O Presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos contra perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão americana contra censura e protegendo a economia americana de ser sujeita a decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico.
COLOCANDO A AMÉRICA EM PRIMEIRO LUGAR: Ao impor essas tarifas para enfrentar as ações imprudentes do Governo do Brasil, o Presidente Trump está protegendo a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra uma ameaça estrangeira. Em linha com seu mandato eleitoral, o Presidente Trump também tomou outras medidas para alcançar a paz por meio da força e garantir que a política externa reflita os valores, a soberania e a segurança dos EUA.
- No primeiro dia de mandato, o Presidente Trump assinou uma “Diretiva de Política América Primeiro” ao Secretário de Estado, declarando que a política externa dos Estados Unidos deve sempre priorizar os interesses da América e de seus cidadãos.
- Em conformidade com essa diretiva, em 28 de maio de 2025, o Secretário Rubio anunciou uma política de restrição de vistos direcionada a estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos.
- De acordo com essa política, em 18 de julho, o Presidente Trump ordenou ao Secretário Rubio que revogasse os vistos pertencentes ao Ministro Moraes, seus aliados no Tribunal e seus familiares imediatos por seu papel em permitir as violações de direitos humanos contra brasileiros e violações de liberdade de expressão contra americanos.
- Preservar e proteger os direitos de liberdade de expressão de todos os americanos e defender empresas americanas contra censura forçada continuará sendo prioridade na estratégia de política externa América Primeiro do Presidente Trump.
- O Presidente Trump já utilizou tarifas com sucesso no passado para promover os interesses da América e enfrentar outras ameaças urgentes à segurança nacional, e está fazendo isso novamente hoje.